Lenda: Existiam num reino dois pequenos príncipes gêmeos que traziam sorte a todos. Os problemas mais difíceis eram resolvidos por eles; em troca, pediam doces balas e brinquedos. Esses meninos faziam muitas traquinagens e, um dia, brincando próximos a uma cachoeira, um deles caiu no rio e morreu afogado. Todos do reino ficaram muito tristes pela morte do príncipe. O gêmeo que sobreviveu não tinha mais vontade de comer e vivia chorando de saudades do seu irmão, pedia sempre a Orumilá* que o levasse para perto do irmão. Sensibilizado pelo pedido, Orumilá* resolveu levá-lo para se encontrar com o irmão no céu, deixando na terra duas imagens de barro. Desde então, todos que precisam de ajuda deixam oferendas aos pés dessas imagens para ter seus pedidos atendidos.
*Orumilá é o senhor dos destinos, é quem rege o plano onírico (sonhos), é aquele que tudo sabe e tudo vê em todos os mundos. Ele sabe tudo sobre o passado, o presente e o futuro de todos habitantes da Terra e do Céu.
História: São Cosme e São Damião são santos católicos com grande receptividade entre as camadas afro-brasileiras do Recôncavo Baiano. Nascidos na Arábia do século III, de família nobre e cristã, os irmãos gêmeos estudaram medicina na Síria e exerciam a profissão gratuitamente. Acusados de feitiçaria, por realizarem milagres, foram jogados de um despenhadeiro – Assim conta a história.
Versão: Ouve-se que tentaram matá-los de várias formas, mas não conseguiram. Por fim foram degolados. Entre seus milagres estão a cura e a materialização (após a morte) para ajudar crianças vítimas de violência.
Religião: Apesar do catolicismo oficial venerar a figura de Cosme e Damião como santos adultos e que dedicaram a vida a praticar a medicina caridosa, os mesmos santos “correspondem” a entidades infantis nos cultos afro – brasileiros, e é justamente dessa maneira que Cosme e Damião são venerados pela maior parte de seus devotos: os santos meninos.
Comemoração: No Rio de Janeiro comemora-se com as crianças que lotam as ruas em busca dos agrados doces e brinquedos. Na Bahia, as pessoas comemoram oferendo caruru, vatapá e pipoca para a vizinhança. A criançada também se espalha pelas ruas a pedir balas e doces.

“... São Cosme mandou fazer
Duas camisinha azul
No dia da festa dele
São Cosme quer Caruru..."
Salve a riqueza da nossa cultura popular!
Cantigas de São Cosme e Damião (domínio público) - Mariene de Castro
Curiosidade: são comumente chamados de "São Cosme e Damião", ao invés de São Cosme e São Damião
Salve a riqueza da nossa cultura popular!
Curiosidade: são comumente chamados de "São Cosme e Damião", ao invés de São Cosme e São Damião
6 comentários:
Muito bom este seu post. A cultura popular e a religiosidade num texto belíssimo.
Parabéns.
Um beijo grande
Ótimo a sua valorização do que é nossa "cultura regional e popular que dispensa buscarmos em outros países datas para comemorarmos!
Abraço, Célia.
Eu penso que novamente esta venha da África, que sejam orixás do candomblé ou alguma outra religião africana, estou errado?
É que lembro que estudei nas primeiras séries escolares que os escravos eram proibidos de seguir suas crenças, nisto, inventaram um esquema de ligar cada orixá a um santo da igreja católica para "despistar". Tanto que muitos vêem Nossa Senhora Aparecida como a Iemanjá e não são a mesma pessoa.
Paulo e Célia,
Sou fascinada pela cultura popular, que, muitas vezes, é transmitida pela história oral de pai para filho.
O Brasil, pelo seu tamanho gigante, pela forma como se deu a sua colonização que gerou um povo mestiço e, posteriormente o acolhimento de imigrantes, se tornou um grande caldeirão onde se misturou esses diversos temperos, o que faz da nossa cultura popular ser tão diversificada e rica.
muitos beijos
Christian,
Eu acredito que a beleza do Brasil está justamente nessa convergência de culturas diferentes, que aqui se mesclam e se renovam. Um pouquinho dali mais um pouquinho de lá, junta tudo, bate num liquidificador e resulta na nossa cultura popular.
Por isso eu acho que o brasileiro é um povo alegre, cativante e que recebe bem os turistas. Porque todos nós temos um pouco que veio de cada pedacinho do mundo. Essa é a nossa riqueza.
bjs
Um texto didático, agora sei mais sobre a lenda deles e o fervor das orações. Um abraço, Yayá.
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