(foto baixada do site http://www.nycgovparks.org)
Eu estava me preparando para ir pela primeira vez a Nova Iorque e perguntei ao meu filho o que ele queria que eu trouxesse de presente. Quero uma foto de Strawberry Fields, ele me pediu. Fã dos Beatles, como eu, e principalmente de John Lennon, não poderia deixar de fazer a sua vontade - achei que seria fácil.
Quando desembarquei no Brasil, meu filho me esperava no aeroporto e perguntou logo sobre a foto. Ficou ansioso por dois dias esperando a revelação. Ao contrário de mim, ele não se decepcionou com 'Strawberry Fields" porque eu já havia explicado a ele como era. A sua decepção foi comigo, péssima fotógrafa, que bati as fotos todas desfocadas...
Eu estava me preparando para ir pela primeira vez a Nova Iorque e perguntei ao meu filho o que ele queria que eu trouxesse de presente. Quero uma foto de Strawberry Fields, ele me pediu. Fã dos Beatles, como eu, e principalmente de John Lennon, não poderia deixar de fazer a sua vontade - achei que seria fácil.
Naquela época eu ainda não tinha internet e o acesso a informações era bem difícil. Precisávamos de livros, enciclopédias, jornais, revistas, tudo com pequena vida útil. Não cheguei a pesquisar nada, sabia apenas que se tratava de uma homenagem a Lennon e que ficava no Central Park.
Lá fui eu, com um grupo que iria para fazer compras. Quem viaja para fazer compras não se interessa muito por turismo e nem por cultura, o tempo é corrido e curto. Andávamos todos os dias rua por rua e íamos enchendo as malas.
À noite, enquanto as andarilhas descansavam, eu ia a Broadway e realizei alguns sonhos. Assisti ao Fantasma da Ópera, Cats, Smokey Joe's Cafe, A Bela e a Fera. Consegui fugir um dia à tarde e visitei o MoMA. Chorei ao ver à distância de um metro as obras de Van Gogh, meu preferido.
Somente na véspera de virmos embora, à noite, lembrei-me do presente do meu filho. Apesar da mala cheia de tênis, perfume, relógio, câmera, casacos, camisetas, tudo o que um adolescente escolheria, nela não havia o que ele tinha me pedido.
O ônibus que nos levaria ao aeroporto JFK partiria do hotel na manhã seguinte às nove horas. Às seis eu já estava num táxi e como ninguém quis ir comigo, fui aventurar-me sozinha para realizar minha promessa.
Com o meu inglês 'macarrônico' pedi ao motorista que me levasse ao Central Park, nas proximidades do edifício Dakota. Lembro-me que era um negão típico americano, imenso, parecia até um jogador da NBA. Muito sorridente, me perguntou de onde eu era e ao ouvir Brasil, começou a arranhar um espanhol pior do que o meu inglês, puxou conversa e pediu licença para ligar o rádio. Escolheu a música e aumentou o som. A todo volume, fomos ouvindo um reggae e ele se sacudindo todo, dançava feliz com a homenagem que prestava a uma brasileira. Nem tive como solicitar informações sobre o meu destino. Desci em frente ao prédio, bati uma foto, atravessei a rua e entrei apressada no parque.
No meu raciocínio, a homenagem a Lennon deveria se localizar nas proximidades do edifício onde ele morava. E eu estava correta, pouco adiante eu vi a placa. Olhei para um lado e outro incrédula. Era outono, fazia muito frio e as árvores estavam meio secas e desfolhadas. A grama e a vegetação amareladas, sem vida.
- Não é possível que eu esteja aqui sozinha no Central Park, quase escuro ainda, a ponto de perder o avião, só para tirar uma foto dessa placa. Isso é que é o tal de 'Strawberry Fields'? Somente isso, uma placa comum?
Pela grandeza do artista e pela minha paixão de fã, eu imaginava uma homenagem bem maior, um grande monumento, sei lá o que eu queria encontrar.
Só então fiquei sabendo que uma área de 2,5 acres tinha recebido esse nome e que havia mais adiante, no chão, um mosaico preto e branco com o nome de 'Imagine".
Bati mais umas duas fotos e fui embora para o hotel, meio desapontada, porém com a sensação do dever cumprido.
(foto baixada do site http://www.nycgovparks.org)
Quando desembarquei no Brasil, meu filho me esperava no aeroporto e perguntou logo sobre a foto. Ficou ansioso por dois dias esperando a revelação. Ao contrário de mim, ele não se decepcionou com 'Strawberry Fields" porque eu já havia explicado a ele como era. A sua decepção foi comigo, péssima fotógrafa, que bati as fotos todas desfocadas...
Tantos anos se passaram e há uma semana eu o chamei para mostrar novamente 'Strawberry Fields'. Ele veio sorrindo, já pensando o que seria dessa vez. Abri o notebook e mostrei este vídeo. Ele nunca o tinha visto e ficou encantado. Finalmente eu me redimi.
DUOFEL - Duo formado pelos violonistas Fernando Melo (alagoano) e Luiz Bueno (paulista), ensaiando no estúdio da Trama.
8 comentários:
O que uma mãe não faz pelos filhos.Fiquei eu aqui imaginando você tentando cumprir o prometido.Valeu a intenção amiga!O que vale é o amor que te levou aquela praça e as fotos desfocadas.Hoje em dia tecnologia está ai para facilitar.Adoro ler teus contos.Estou aqui diariamente.Bjs e um bom domingo.Eloah
Eloah querida,
Guardo aquelas fotos até hoje. Tentei escaneá-las mas não deu. Só apareceram borrões, rsss
Mas como você mesma disse, o que vale é a intenção.
Também não passo um dia sem visitá-la.
Muitos beijos
As fotos em mega pixels automáticas são fáceis de fazer, basta um click. Na próxima viagem você pode levar uma. Um abraço, Yayá.
Imagine, Yayá!
Hoje a gente tira foto até de espirro, rsss
Na época a máquina era analógica e mesmo com filme de 400ASA eu consegui a proeza de tremer as mãos.
Acho que foi a pressa, rssss
beijos
Querida, eu bati algumas fotos, achei bonita a homenagem e já sabia que era daquele jeito. Se não soubesse, acho que me desapontaria tbm. Agora, Duofel é lindo demais. Eu vi esse show aqui na Fenac, linda lembrança, lindo post
bjs
Wal,
Você acredita que eu não conhecia Duofel? Pelos meus lados aqui a gente não conhece. É uma pena!
beijos
Que violões maravilhosos são esses?!!!!!! porraaaaa!!! lindo!!! e tua história daria um curta-metragem delicioso.
Edu,
Direitos de filmagem cedidos para você. Só que tem que eu me levar também levar pra N.Y.ok?
Cedo também as fotos, rsss
beijos, meu fio
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