Eu também sou assim essa membrana permeável. Entrego tudo: meu corpo, meus sonhos, minhas senhas, o cartão do banco, o carro, as chaves de casa. Também entrego a liberdade, a minha e a dele.
Se eu amo não consigo fazer mais nada sem a pessoa amada. Nem uma compra em supermercado. Gosto de tê-lo sempre junto e se não é possível, eu adio o que tem para ser feito. Tudo para mim precisa ser a dois. Eu tenho a necessidade de viver em conjunto.
Também entendo que as pessoas são diferentes e livres. Ao dar a liberdade estou dando a escolha de ficar comigo ou não. Porque o amor não aprisiona, liberta.
O meu amado sempre está presente em mim mas eu não posso exigir estar presente nele, eu estaria impondo uma obrigação que não faz parte do amor. Ele não é responsável por me amar, é preciso existir nele a escolha de me amar e não a obrigação de me amar.
Essa minha maneira de entender o amor às vezes complica o meu relacionamento.
Se eu sei que sou amada eu tenho confiança e segurança. Não há motivos para eu ir atrás, ligar, questionar onde estava, com quem estava, por que atrasou.
Para as pessoas de fora eu pareço tola. Para ele eu pareço desinteressada.
Eu aprendi que homens gostam de mulheres que pegam no pé, que revistam carteira, cheiram sua roupa, procuram indícios de traição. Isso alimenta o ego deles.Eles não percebem que se tornam objetos manipulados para fazerem alguém feliz. Isso é egoísmo, não é amor.
Um relacionamento de amor independe da obrigação de agradar o outro. Vivendo numa verdadeira relação de amor, há o desejo de um querer o melhor para o outro. Uma relação de amor se constrói compartilhando a vida e sendo abertos e disponíveis um para o outro. Sem cobranças.
Amor não se cobra. O que se cobram são metas, planos, desempenhos. E para se cobrar, precisa haver uma hierarquia de quem cobra. O outro fica subjugado, atado a uma cadeia de comando.
Isso é opressão, não é amor.
O amor dá asas para voar, fantasiar, sonhar.
Se existir cobrança, existe também o poder e as regras.
Um relacionamento atado a compromissos a serem cumpridos fatalmente se deteriorará com o tempo. Até que, enfim, um dia descobrirão que não "se amam" mais, quando na verdade o que havia era a vontade de possuir a pessoa objeto, havia o egoísmo, mas não o amor. A liberdade é um processo resultante do crescimento e do conhecimento das pessoas que se amam. Viver sendo cobrada é uma limitação. E o amor não é limitação. O amor é voo.
Um comentário:
Eitha, que arrasou nesse texto!!!
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