segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Assassinando a Língua



Para escrever é essencial ler. A leitura nos acrescenta vocabulário, forma opiniões e nos ensina a redigir. Acredito que somente nos desenvolvemos através da leitura, desde os clássicos até os gibis. Tudo soma, desde que se leia. Uma boa gramática também é imprescindível. Com a facilidade da internet ninguém deveria cometer erros grosseiros, principalmente na grafia das palavras. Basta abrir uma nova guia e colocar o vocábulo de que se tem dúvida e ele será remetido a algum dicionário. Escrever bem depende de vários fatores, mas escrever correto é obrigação - pelo menos para quem quer publicar seus escritos. 
A língua é viva, portanto ela se renova constantemente com expressões que vão sendo criadas e palavras que tomamos emprestadas de outras línguas. isto vale tanto para a língua falada quanto para a escrita. 
Não se usa mais escrever de forma erudita com todos os pingos nos is. Os linguistas já falam sobre o português brasileiro, uma língua mais coloquial, que se escreve quase como se fala. Mas peraí! Vamos com calma.
Eu sei que cometo erros ao escrever, alguns por despreparo, outros por falta de atenção e poucos propositadamente como a colocação de pronomes que eu sempre antecipo, por achar que fica mais suave ao se ler. Em determinadas frases eu sinto que soa pedante se eu os colocar no seu devido lugar, quando estes deveriam ser após o verbo. Imagine então usar mesóclise... Nem pensar! Eu, como não sou escritora, me permito esses deslizes, porque apenas "escrevinho".
Porém existem algumas regras básicas que devem ser seguidas, como concordância verbal e regência, por exemplo. Uso de crase antes de verbo e nome masculino é pecado mortal.  E não é tão difícil assim. 
Para ser um escritor, não basta escrever bem, deve-se escrever correto. Caso a pessoa não o saiba fazer, deveria dispensar uma horinha diária para estudo ou solicitar a ajuda de um revisor. Nossos olhos, ouvidos e a língua portuguesa ficariam agradecidos.
Num país continental como o nosso, o que nos une é a língua. O fato de termos regiões distintas com hábitos e costumes tão diferentes, mantendo a mesma língua e a enriquecendo constantemente, deve ser motivo de orgulho e zelo para todos nós.
Parafraseando Fernando Pessoa, "nossa Pátria é nossa Língua".
Amigos, não vamos assassiná-la.

   Língua - Caetano Veloso e Elza Soares
 

Gosto de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar a criar confusões de prosódia
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
E quem há de negar que esta lhe é superior?
E deixe os Portugais morrerem à míngua
"Minha pátria é minha língua"
Fala Mangueira! Fala!

Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó

O que quer
O que pode esta língua?

Vamos atentar para a sintaxe dos paulistas

E o falso inglês relax dos surfistas
Sejamos imperialistas! Cadê? Sejamos imperialistas!
Vamos na velô da dicção choo-choo de Carmem Miranda
E que o Chico Buarque de Holanda nos resgate
E - xeque-mate - explique-nos Luanda
Ouçamos com atenção os deles e os delas da TV Globo
Sejamos o lobo do lobo do homem
Lobo do lobo do lobo do homem
Adoro nomes
Nomes em ã
De coisas como rã e ímã
Ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã
Nomes de nomes
Como Scarlet Moon de Chevalier, Glauco Mattoso e Arrigo Barnabé
e Maria da Fé

Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó

O que quer
O que pode esta língua?

Se você tem uma idéia incrível é melhor fazer uma canção

Está provado que só é possível filosofar em alemão
Blitz quer dizer corisco
Hollywood quer dizer Azevedo
E o Recôncavo, e o Recôncavo, e o Recôncavo meu medo
A língua é minha pátria
E eu não tenho pátria, tenho mátria
E quero frátria
Poesia concreta, prosa caótica
Ótica futura
Samba-rap, chic-left com banana
(- Será que ele está no Pão de Açúcar?
- Tá craude brô
- Você e tu
- Lhe amo
- Qué queu te faço, nego?
- Bote ligeiro!
- Ma'de brinquinho, Ricardo!? Teu tio vai ficar desesperado!
- Ó Tavinho, põe camisola pra dentro, assim mais pareces um espantalho!
- I like to spend some time in Mozambique
- Arigatô, arigatô!)
Nós canto-falamos como quem inveja negros
Que sofrem horrores no Gueto do Harlem
Livros, discos, vídeos à mancheia
E deixa que digam, que pensem, que falem.

7 comentários:

Célia disse...

Em gênero, número e grau... verbos, regências nominais e verbais... substântivos e adjetivos... pronomes e advérbios e demais classes gramaticais... estou de pleníssimo acordo com você. Até porque, lê-se cada coisa que chega a doer em nossos neurônios!!
Abraço, Célia.

Unknown disse...

Concordo com você que para publicar nossos escritos devemos tomar cuidado, seja em blogues ou em livros, contanto, devo discordar que em blogues isto deva ser levado demasiado a sério, em livros é inevitável, a editora tem moral para isto e não hesita em mandar revisar os originais mil vezes, ela pode e deve nos corregir, pois literatura de verdade deve ser levada a sério.
Como já disse em um dos meus posts, ao ler um texto em um blogue se a pessoa escreve errado é o que menos me importa, eu aprecio muito mais um conteúdo do que um português arrogante, formal e com assuntos banais. E tampouco me acho na obrigação de criticar ou julgar os erros dos blogueiros, visto que não conheço suas histórias, seus níveis culturais, (erros de digitação acho até inconveniente apontar, visto que todos sofremos disto) e de repente, a pessoa pode ser disléxica, mas como toda pessoa que sofre de algum distúrbio real, não gosta de se exibir com isto, mas sente desejo de escrever, tem todo o direito.
Eu que não tenho direito de criticar como alguém escreve e sim, o que escreve, suas idéias, pois penso que este seja o objetivo principal da blogosfera, a não ser que seja um blogue específico de informações sobre a Língua Portuguesa. Ainda não aderi ao bendito acordo ortográfico, mas sei que cedo ou tarde terei que fazê-lo e por esta razão já favoritei um blogue do gênero para estudá-lo, pois minha próxima "novela mexicana" (esta colocação em qualquer lugar é ofensa, ahah, indiretamente me chamou de cafona, dane-se. ahah) que será oficialmente publicada, a editora já me alertou e bem, a banca gostou dela, eu que não levo muita fé em que os brasileiros irão comprar um livro de um autor ainda desconhecido porque brasileiro se faz muito de intelectual, mas na hora de comprar um livro de míseros R$ 33,00 reais com frete gŕatis choramingam. Portugueses que precisam pagar um absurdo de frete são os que mais compram e nisto sim, pode-se medir o nível intelectual de um país, e a desculpa do brasileiro dizendo que é "a crise", não vê a "crise" no momento de comprar um tênis de 600 reais ou um playstation 3 para seus filhos.

PS: Obrigado pelo elogio, mas mesmo assim não me considero incongruente, apenas alguém que expõe o que pensa a respeito de algumas coisas. Nada além disto.
E não é falsa modéstia, pois particularente, eu e muitos que leram acharam 11 Noites Insones uma história fantástica.

Unknown disse...

Cometi um erro, escrevi corregir ao invés de corrigir.
Isto ficou em minha mente desde que uma blogueira que costuma corrigir os outros e errou, um comentarista disse: correges e serás corregida. ahah.
Como vê, acontece... Até com os impecáveis.

Evanir disse...

Que o amor e a amizade
Qua nasceu entre nós, prevaleça !
Que você jamais me abandone!
Porque eu nunca te abandorei!
Não se esqueça estou te seguindo
E te amando.
Logo se Deus quiser voltarei com minhas visitas.
Beijos com infinita ternura .
Uma linda semana.
Evanir..

CEM PALAVRAS disse...

Célia,
A nossa língua é difícil, cheia de pormenores e o nosso ensino é tão precário...
E quase nada tem sido feito.
muitos beijos

CEM PALAVRAS disse...

Christian,
E eu? Que publico sem revisar ou editar, rssss
Depois desta postagem eu tenho a obrigação de ser mais atenta, rsss
bjs

CEM PALAVRAS disse...

Evanir,
Bom ter você de volta.
muitos beijos