segunda-feira, 25 de julho de 2011

Tranquilamente


Elaine vivia aparentemente tranquila com o seu marido e seus filhos. Todos os domingos ele levava as crianças para o clube, enquanto ela tirava a manhã de folga para ler um livro, assistir a um filme sossegada, cuidar do corpo, essas coisas que as mães não têm tempo de fazer na correria em que vivem. Um dia seu filho mais velho, 8 anos, entra em casa aos berros.
- Mãe, mããããe! Pegue o seu carro e vamos atrás do papai. Vamos logo, mamãe, porque ele vai se encontrar com ela.
A criança chorava muito e Elaine tentando acalmá-lo perguntava o que tinha acontecido, por quê ele estava naquele estado e o menino só repetia:
- Pegue o seu carro, mamãe, porque ele vai se encontrar com ela. Eu ouvi, eu ouvi!
Aos soluços, o menino contou que ouviu o pai dizendo para uma mulher que ela precisava rezar e que ele iria à igreja depois que deixasse os filhos em casa.
- Papai nunca vai à igreja, mamãe. É lá que ele vai se encontrar com ela. Pegue o carro, mamãe, vamos atrás deles. 
Elaine colocou as crianças e as bicicletas no carro, deu umas voltas e parou  na praça. Comeram pipoca, cachorro-quente, brincaram bastante até o anoitecer. Conseguiu acalmar seu filho.
Na segunda feira recebe a visita de um homem pedindo que ela assinasse o DUT, explicando que o seu marido havia vendido o carro dela. Elaine assinou.
No domingo seguinte Elaine sugeriu ao marido um programinha em casa. Que tal um churrasquinho? Você me ajuda com as carnes. Os meninos vão adorar. Foi uma alegria todos juntos, temperando carne, assando, servindo.
De repente um buzinaço lá fora. Correram todos para ver.
Do outro lado da rua, uma mulher gritava o nome de Edmundo enquanto buzinava. Elaine, discretamente, pediu ao marido que fosse resolver aquilo e colocou os filhos para dentro de casa.
Duas semanas depois era o aniversário de Edmundo. Logo pela manhã, ao abrir a janela da casa, Elaine vê uma faixa colocada de um poste ao outro:
Não teve nenhuma dúvida, arrumou as crianças e foi para a casa de uma amiga. Quando tiraram a faixa voltou para casa e continuou a levar sua vida tranquila, até chegarem as férias.Tinham feito planos, iriam para a praia com a garotada.
Edmundo chegou nervoso e explicou que teria que visitar a família sozinho, problemas com o irmão. Em uma semana resolveria tudo e conforme o planejado, seguiriam para a praia. 
Dois dias depois Elaine liga para a vizinha do cunhado, pergunta pelo marido e fica sabendo que "eles" só estiveram lá de passagem a caminho de uma outra cidade. Vai até a companhia telefônica, procura no catálogo os telefones dos hotéis e liga para cada um incansavelmente, mas nada descobre.
Pense, Elaine, pense...! De repente veio uma luz! Aquele nosso amigo tinha sugerido uma viagenzinha num final de semana, sem crianças, somente os dois casais para um hotel que havia inaugurado num lugar que eu tinha muita vontade de conhecer. É lá, pensou Elaine. É lá que eles estão!
Ligou e confirmou. Comprou uma passagem de avião e viajou no mesmo dia.
Teve a sorte de conseguir um apartamento bem ao lado do deles. Eles no 315 e ela no 317.
Ficou aguardando, tinha que pensar no próximo passo. Tomou coragem e ligou. Mais uma vez teve sorte, foi Edmundo que atendeu.  
- Não fale nada, só escute. Estou no apartamento ao lado. Diga que você tem que resolver um problema do seu irmão e que volta depois. Fala para ela te esperar.  Pegue tudo o  que  é seu e venha para cá. Estou no 317. Se você não vier em cinco minutos eu vou bater na porta do seu quarto.
De madrugada, desceram até a portaria e pediram para fechar as contas e solicitaram as notas fiscais.
Elaine guardou as duas. Na sua nota do apartamento 317 constava o seu nome completo e na do 315 o nome completo de Edmundo e "senhora". Pediu ainda ao porteiro que entregasse um envelope à hóspede que havia ficado repousando. Nele tinha um bilhete:
"Vim buscar o que é meu. Bom final de semana! Sozinha". 
Na segunda feira Elaine procurou uma advogada e entrou com a ação de divórcio litigioso. Já tinha a prova que precisava. Finalmente, poderia viver tranquila de verdade.

4 comentários:

Fê Iasi disse...

Vamos combinar? Demais é você! Adorei! Vou ler todos, desde o primeiro. Bjo!

Mônica disse...

Está´parecendo novela.
Sabe voce lembra das novelas em revistas?
Só faltou as gravuras.
Eu adorei!
com carinho MOnica

CEM PALAVRAS disse...

Fê e Moniquinha,
Tem muita história ainda pela frente.
Aguardem! beijos

Eloah disse...

Adorei!Me diverti.Você tem um senso de humor especial.Ah! estas mulheres maravilhosas....
Bjs Eloah