Eu tenho o humor instável. Isso mesmo, eu sou bipolar. Mas não precisam se assustar, não! Não sou louca, não mordo e nem faço mal a ninguém. Apenas tenho os meus dias de euforia e outros de depressão.
A bipolaridade é uma doença maldita. As pessoas ainda têm muito preconceito em relação a ela. Imaginam que um bipolar é capaz de tudo, assim como um psicopata. Fico indignada quando assisto a uns programas de televisão, daqueles que passam à tarde, explorando a violência e o sofrimento das pessoas. Tem um programa que conta com a participação de um psicólogo que sempre, em qualquer crime comentado, fala de bipolaridade e, às vezes faz uma relação com os psicopatas. Só que é exatamente ao contrário. Enquanto o psicopata é frio - destituído de sentimentos - o bipolar pode ser comparado a uma montanha russa. A bipolaridade é um transtorno de humor, que altera entre a euforia e a depressão.
Não sou psiquiatra e nem psicóloga, então não posso falar de doenças, quem sou eu para isso?!?
Eu vou falar de mim e da minha história.
Eu sempre achei que eu tinha alguma coisa porque eu chorava e ria demais. Era oito e oitenta. Isso mesmo, e, não ou. Mas não chegava a me incomodar, pensava que era espontaneidade de sobra.
Só fui ter a certeza de que padecia de algum mal após ter sofrido três assaltos no meu ambiente de trabalho, em menos de um ano, sendo que em um houve vítima baleada. Era muito desgastante: polícia, depoimentos, socorro às vítimas. Continuei a trabalhar normalmente até o terceiro, quando eu fiquei sob a mira de uma arma a menos de um metro da minha cabeça. No fim de semana seguinte, eu estava andando sozinha na orla muito movimentada, quando de repente eu tive o meu primeiro e único ataque de pânico. Era uma vontade de gritar imensa, um choro de lágrimas grossas sem motivo, um medo de continuar aonde estava como se algo de ruim fosse me acontecer e, no entanto, estava paralisada. Parecia que as ondas do mar iam me engolir, mas eu não conseguia sair do lugar e nem raciocinar.
A minha sorte foi que os contatos da agenda do celular eram codificados por números. Instintivamente, apertei qualquer número e um grande amigo atendeu. Eu não conseguia explicar nada e nem conversar com ele. Nem me lembro da conversa. Devo ter dito aonde estava, porque ele foi me buscar e me levou para um parque para andar no meio das árvores, beber água bem gelada e chorar...chorar muito, até me acalmar.
Na segunda-feira, me arrumei e fui trabalhar, mas não consegui entrar no prédio. Parece que eu tive um efeito retardado ao assalto. Minhas pernas não obedeciam ao meu comando. Tive muito medo de ter outro ataque. Liguei para o meu gerente que me orientou a pegar um táxi e ir imediatamente para o serviço médico da empresa.
A partir daí comecei a conhecer e a trabalhar a minha mente e a minha alma, sob o acompanhamento de uma terapeuta.
No trabalho brincavam comigo que eu era louca. Meu gerente defendia: - É louca mas tem juízo.
-----------------------------------------------continua------------------------------------------------ em outro dia...
10 comentários:
Uma história de vida incrível... espero a continuação e envio-lhe minhas energias positivas! Abraço da Célia.
Célia,
Vou escrevê-la aos pouquinhos, para não ficar muito cansativa.
A energia vinda de você é sempre positiva.
muitos beijos
Olá!
Agradeço tua passagem pelo meu cantinho e digo que és sempre bem-vinda por lá!
Beeijo grande
Você tem um bom modo de lidar com o seu problema: enfrenta-o. Um abraço, Yayá.
Amiga(mesmo) vamos combinar? EU SOU bipolar, bipolaridade é outra coisa, e você bem sabe.O caso que você contou é de quem tem SÍNDROME DO PANICO, velha amiga de guerra..rsrsrs... Mas faz parte, porque só as pessoas muito verdadeiras sofrem dessas coisa, viu? E "felizes" dos que conseguem a atenção delas. Bjo!
Karla,
Volte sempre!
beijos
Yayá,
infelizmente como diz a gíria (grosseira, por sinal) o buraco é mais embaixo.
beijos
Fê,
Deixei no seu blog "um particular".
muitos beijos
Voltei por causa do que comentou hoje.
Celia penso que o mais importante nisto tudo é ter amigos e familiares que a compreendem e a entendem e a faça feliz.
Ninguem nasceu para ser infeliz.
Então continue a sua vida!
com carinho e amizade de Monica
Mônica,
obrigada pelo seu carinho constante.
muitos beijos
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