quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A vingança


Laurinha tinha um marido que era um tremendo pegador, mas ninguém comentava com ela. Foi se fingindo de inocente enquanto deu, até que um dia resolveu dar um basta. Chamou o marido para uma dessas conversas chatas e que geralmente não resultam em nada, mas mesmo assim enfrentou o tigrão.
Falou de todas as suas suspeitas e das evidências, a princípio de forma firme e segura. Depois chorou, se lamuriou e se humilhou para tentar convencê-lo a entrar na linha. Disse que a  situação estava muito constrangedora para ela. Não se sentia bem na presença dos amigos que tudo sabiam. Se a coisa continuasse daquela maneira ela preferia se separar.
O cara de pau dava gargalhadas e negou tudo dizendo que Laurinha precisava se tratar, que estava doente, maluca, inventando e vendo coisas que não existiam. Ele falava com tanto desprezo que a raiva foi crescendo dentro do coração de Laurinha. Ficou revoltada e pensou: ele vai me pagar! Ah, se vai! 
Ligou para uma amiga advogada, queria a separação. A doutora orientou que entrasse logo com um pedido de pensão alimentícia, iria precisar para se manter e além disso, o bolso é a parte mais sensível do homem, argumentou, só assim ele vai sentir. Tomaram todas as providências em segredo, o marido nada desconfiava. Se ela contasse também não iria fazer muita diferença, ele não acreditava que Laurinha fosse capaz de qualquer ação contra ele, pois a julgava uma mulher frágil.
Como moravam em uma pequena cidade do interior, foi fácil descobrir o dia da entrega da citação. Na data marcada, fez suas malas e foi para a casa de uma outra amiga. Juntas foram para a porta do local onde ele trabalhava e onde também seria entregue o documento. 
O oficial de justiça chegou todo paramentado, com uma capa negra sobre os ombros. Era impossível não vê-lo. Numa cidade em que pouca coisa acontecia, aquilo foi a sensação! Laurinha se sentiu recompensada. A notícia circularia rápido e todos ficariam sabendo que ela era discreta, mas não idiota, como seu marido pensava.
Logo no mês seguinte recebeu o primeiro depósito da pensão provisória. Ela queria mais, só o dinheiro não bastava. Comprou uma passagem de avião e foi para um lugar distante, precisava descansar e se recompor. Ela ainda se sentia um lixo depois de anos de humilhação.
Estava na praia quando conheceu um rapaz jovem, quinze anos mais moço, simpático, corpo trabalhado. Apenas alguns olhares e começaram a conversar. Marcaram para se encontrar à noite. Era o remédio de que ela precisava para a sua baixa auto-estima. Viveram tórridos momentos de amor durante uma semana. Laurinha se sentiu mulher novamente. Já podia voltar para a sua cidadezinha e encarar a audiência do divórcio.
Estava vingada e pronta para viver uma nova vida.

8 comentários:

Nalva disse...

Obrigada pela tua visita em meu blog.
E na retribuição, vi que teu blog é muito bacana!!! Adorei!!!
Parabéns!!!
Bjs.

Renata disse...

Oi, passei por aqui pra ler suas histórias. Muito bom! bjim

José disse...

Cem palavras não bastariam, para me contares a reacção dele, quando soube que ela se queria divorciar, e vingar.
"Tu precisas me contar"

Beijinho,
José.

Anônimo disse...

Vingar-se!
Belo blog
Acompanho-te

Patrícia Vicensotti disse...

As vezes tudo o que precisamos na vida é ter atitude.O comodismo vai matando aos poucos...
Adorei a história ;)

Um beijo!

CEM PALAVRAS disse...

Nalva, Renata,
Muito obrigada pelo carinho.

CEM PALAVRAS disse...

José, meu querido e já amigo,

Eu preciso te contar que eu adoro você! Cem palavras são poucas para dizer como gosto do seu blog e dos seu comentários.
Muitos beijos

CEM PALAVRAS disse...

Bya e Patrícia,

Essa história mostra que as mulheres já não são tão bobas e acomodadas.
Não concordo muito com esse instinto de vingança, mas admiro a atitude de dar a volta por cima.
Muito beijos para vocês